A campanha Mil Aldeias foi criada por ativistas e artivistas. Entre os ativistas indígenas que a inspiraram estão Ailton Krenak e Benki Piyãko. Mais de trinta músicos, fotógrafos e cineastas participaram da realização de um vídeo clipe sobre a cultura dos povos indígenas, quilombolas e comunidades ribeirinhas. O vídeo foi realizado pelo aclamado diretor Marcos Prado. A música "O Relógio do Juízo Final", dos compositores brasileiros Carlos Rennó, Makely Ka e Rodrigo Quintela foi interpretada por artistas como Margareth Menezes (atual Ministra da Cultura do Brasil), Arnaldo Antunes, Zélia Duncan e Nando Reis. A campanha também conta com cessões de direitos de trabalhos de fotógrafos renomados como Araquém Alcântara, Maureen Bisilliat e Claudia Andujar, entre outros.
OS EIXOS ESTRATÉGICOS DA CAMPANHA :
Por que os pilares da campanha estão focados em ações de soberania? A Boa acredita que a soberania começa com a iniciativa e a autonomia. Portanto, nossa organnização se empenha em ouvir os líderes indígenas e comunitários e trabalhar junto com líderes locais a fim de apoiar suas prioridades, seus projetos de sustentabilidade, suas redes de intercâmbio e relacionamentos, além de buscar parcerias inspiradas pelo interesse mútuo com o presente e o futuro do planeta.
A campanha apoiará projetos nos eixos de
1) território e reflorestamento.
2) soberania alimentar (ou da água).
3) práticas e sistemas de saúde tradicionais.
4) comunicação (da cultura e identidade locais).
Estes quatro eixos são os pilares que mantêm as comunidades sob a égide da conservação: do território e sua tutela, do meio ambiente e das práticas sustentáveis para fazer prosperar a cultura e a natureza, das relações humanas e humanas com a natureza, da cultura e identidade.
Com a soberania sobre o território, tradicional ou recém-adquirido para reflorestamento, os guardiões do território podem mostrar que um ecossistema preservado melhora a economia local ao gerar mais autonomia.Com a soberania alimentar e da água, os povos, a terra e o ecossistema são preservados.Com a soberania sobre a saúde, não há dependência ou vulnerabilidade quanto à saúde e bem-estar desses povos.Com soberania na comunicação, as comunidades podem direcionar seus próprios destinos, e com a soberania na cultura baseada em uma forte identidade local, uma comunidade pode inspirar novas gerações e parar os motores do colonialismo.
As próximas aldeias cujas ações de soberania serão apoiadas pela campanha :
SOBERANIA TERRITORIAL :
1- Huni Kuin (próximo a Rio Branco e Sena Madureira, AC): apoio à aquisição de novas terras para reflorestamento e projetos de reconexão da juventude local à cultura indígena, a fim de libertá-los de dependências das drogas e álcool..2- Maxakali (Minas Gerais): implementação de projeto de reflorestamento.
3- Ashaninka (Instituto Yorenka Tasorentsi): negociação em andamento para aquisição de terras para os projetos de reflorestamento e programa cultural do Instituto.
4- Waurá: estabelecimento de uma nova aldeia em território demarcado, a fim de proteger uma região isolada e propensa a invasões.
SOBERANIA ALIMENTAR E DA ÁGUA :
1- Tupinambá (Serra do Padeiro): apoio à cooperativa Cacau Caboclo - um projeto local de empoderamento das mulheres Tupinambá.
2- Guajajara (Araribóia): implementação do projeto de do feijão abafado.
3- Pataxó (Dois Irmãos): captação e purificação de fontes de água locais.
4- Waurá (Ulupuene): implementação de uma piscicultura para evitar o consumo de peixes contaminados pela soja e pelo agronegócio na região.
SOBERANIA DA SAÚDE :
5- Ashaninka, Kuntanawa e Ribeirinhos (Instituto Yorenka Tasorentsi): apoio ao início das instalações da uma planta de destilação de óleos essenciais da Amazônia.
6- Ações de apoio às pessoas com deficiência dentro de comunidades.
7- Ribeirinhos do Alto Murú: apoio para o início da instalação de um sistema agroflorestal de plantas medicinais.
EDUCAÇÃO E SOBERANIA CULTURAL :
8- Resex Chico Mendes: instalação de Internet via satélite para fortalecer a rede das cooperativas locais.
9- Quilombo de Samucangawa: instalação de Internet via satélite para divulgar as reivindicações da comunidade dentro de seu território.
10- Yawanawá (Amparo): instalação de Internet via satélite para iniciar atividades educacionais na Escola/Universidade Nixiwaka.
11- Kaiowá (aldeia cujo nome permanecerá confidencial): construção da uma casa de rezo com o apoio da comunidade.
12- (várias aldeias): Apoio para a criação de um aplicativo para a venda de artesanatos indígenas, quilombolas e ribeirinhos sem intermediários.